TRAVELLING DE DANEY: AVATAR, James Cameron

AVATAR, James Cameron

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AVATAR, James Cameron


Eu consigo te ver.

Em 1927, Fritz Lang lançava "Metrópolis". O filme foi por muito tempo o mais caro da história - com reajuste de valores certamente figura entre os mais caros - e representante do expressionismo alemão. Simplesmente muito a frente do seu tempo, o diretor conta sobre o futuro da humanidade, dividida entre os ricos, que moram na superfície, e os operários, que vivem trabalhando no subsolo. Hoje vemos que todos os gastos com esse grandioso filme - em todos os aspectos, pois o original tinha cerca de 5 horas de duração - foram justificados. Não pela arrecadação, pois essa foi uma tragédia e quase faliu a produtora, mas pelo valor cultural que ele representou.

83 anos depois, nos deparamos com outra super produção. Avatar, último filme de James Cameron, já entrou para a história do cinema com os títulos de filme mais caro e que mais arrecadou. Cameron, que bateu seu próprio recorde pertencente a Titanic, se firma como um diretor que vale a pena pagar o risco. Gasta muito e arrecada igualmente. Isso é de fato, visto com bons olhos pelos produtores. Mas qual a importância cultural desse longa?

Essa pergunta pode ser respondida de inúmeras formas. Para os entusiastas da sétima arte, Avatar proporciona uma experiência nova na relação homem-tecnologia. Cameron parece ter conseguido dar sentimento aos monstros e todas as formas de "vida" digitais. Temos a sensação, como o plano seqüencia em que Jake Sully - personagem principal, interpretado por Sam Worthington - e Neytiri (Zoe Saldana) correm pelos troncos das árvores, de que tudo aquilo é real. Não sabemos como essa evolução tecnológica influenciará no futuro, mas até os olhos mais distraídos percebem que está diante de algo espetacular.

Por outro lado, Avatar não se sustenta apenas pela revolução digital. O filme possui um interessante e rico roteiro. Cameron conta a história do planeta Pandora, habitado pelos seres Na'vi, criaturas grandes e azuis, que possuem uma cultura ligada a natureza. O planeta se encontra ocupado por um grupo de cientistas e mercenários contratados por uma empresa que está interessada em uma valiosa substância encontrada numa região de domínio dos Na'vi. Cameron, com muita sensibilidade, cria uma relação muito especial entre os habitantes naturais de Pandora e o planeta. Tudo está conectado. Todas os animais, plantas e outras seres constituem um único organismo vivo. Seria um aviso para que nós, seres humanos, olhássemos com outros olhos a Terra? Certamente. E Cameron desenvolve isso sem que soe como um discurso ambientalista de dar sono.

Outra vertente interessante é a metáfora identificada no motivo do homem ocupar Pandora. A história não nos esclarece de fato qual é a importância da substância encontrada no planeta. O que sabemos é que ela é lucrativa e encontrada no subsolo e que se a empresa interessada quiser colocar as mãos nela, não será com diálogo que os Na'vi abrirão mão. O que resta é o plano de sempre quando "as negociações falham": A Porrada. Estamos falando do petróleo? Sim, definitivamente estamos falando do ouro negro e de como grandes potências mundiais agem para consegui-lo.

Os longos anos de produção são realmente válidos, inclusive todo os gastos com o filme. Seria muita pretensão dizer que o valor cultural é tão grandioso quanto o de Metrópolis. Mas Avatar não está longe disso. É um excelente filme e Cameron consegue se superar mais uma vez.

Avatar

Direção: James Cameron
Gênero: Ação/Ficção Científica/Suspense
Origem: Estados Unidos
Duração: 162 minutos
Tipo: Longa-metragem


Classificação do Crítica com Pipoca:

3 comentários:

Larissa Pires disse...

Muito boa, a crítica!
Pensamentos bem organizados e de forma inteligente.
O filme é mesmo muito bom. 162 min bem empregados.
Voltarei aqui mais vezes ;)

Rafael Carvalho disse...

Enquanto proposta visual, acho Avatar arrebatador, Eduardo. Mas me permita discordar que o roteiro é rico porque é justamete esse ponto do filme o mais convencional de tudo. O filme é maniqueísta, tem muitos momentos clichês e seus personagens são, em maioria, unidimensionais. Portanto, nada de novidade nesse quesito. Talvez somente a questão da defesa ao meio ambiente que, convenhamos, é um discurso bem desgastado atualmente, embora seja extremamente relevante.

Filme louvável como entretenimento não tenho dúvida que Avatr seja (e, acredite, não há mal algum nisso), mas daí dizer que o filme é inovador em todos os sentidos, me desculpe, mas isso é campanha de marketing.

Mas é super legal ver toda aqela beleza na tela, princpalmente em 3D.

Eduardo Albuquerque disse...

Eu realmente fiquei surpreendido com Avatar. Eu esperava ver uma grande evolução digital - o que de fato aconteceu - e me deparei com uma ótima história também. O filme não é tão inovador em seu roteiro, eu só quis dizer que nesse aspecto era de grande nível, pois ele não trata só da questão do meio ambiente e também, quando o faz, realiza de forma delicada e agradável. Grande filme. Só nunca chegará a ser um Metrópolis. hauhau

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